PROJETO: SUAS PALAVRAS
10ª EDIÇÃO: SENTIDOS - CHUVA
"Comparo as aguas caidas do céu, com as lagrimas derramadas por DEUS!
Saio as ruas já de madrugada. Vestindo um vestido muito branco de seda pura, transparente. Caminhando por sobre um salto, Luís XIV, me equilíbrio em pensamentos. Estou indo não sei aonde, e nem sei o que vou fazer, mas continuo, meu caminho, em direção ao nada. O ceú, de um azul intenso, de repente, fica todo cinza escuro, mesclado com um azul negro. Num som ensurdecedor, escuto agora, raios e trovões, por detrás das nuvens acompanhados de luzes brilhantes. Continuo caminhando não sei para onde...Paro num instante! Estou de frente ao Teatro Municipal. Sento-me nas escadas e fico observando o ceú. Como mudara tão rapidamente? Estava um dia tão lindo, ou seja, entardecer, pois já passam das 17:00 hs.
Senti um cheiro forte de poeira, misturada ás aguas vindas do céu, tornou-se: cheiro de terra molhada. Senti em meu rosto, uma brisa acompanhada de uma ventania. Chegaram para desgrenhar, desarrumar meus cabelos. Unidas , fraco e forte, ventos vindos do Norte, teimando em me desarrumar toda. Num gesto espontâneo, arrumo meus cabelos e me levanto. Ergo meus braços para o céu nublado, escuro. Sinto, algumas gotas geladas caindo por sobre meu rosto. Gotas finas e rápidas, uma a uma, num cair perpetuo, passando por meu corpo. Caindo no chão. Abro minha boca, na tentativa de absorver algumas dessas gotas tão refrescantes, inebriantes. E qual o sabor dessas aguas? Sabor de vida adocicada, que acalenta meu coração e minha alma...Comparo essas águas caídas do céu com as lágrimas, pois caem do mesmo jeito: em gotas. Quem sabe, as lagrimas de DEUS!
Agora, já mais forte, essas gotas se uniram para, num ato de misericórdia, molhar todo meu corpo e meu vestido. Sentindo-me, semi nua, me dou um abraço para tentar esconder os meus segredos, meu intimo, meu ser! Afinal, essas águas caídas do céu, ao molharem meu vestido, também me despiu. Mas se estou ali sozinha sem ninguém me olhando, para que se esconder? Ergo os braços novamente e dou um enorme abraço nessas águas vindas do céu, num eterno agradecimento, numa exclamação de puro êxtase, me entrego e me deixo...molhar!
A sensação final, é de ter lavado a alma, de estar limpa, por fora e por dentro. E do mesmo jeito que não conseguimos, controlar as nossas lagrimas, tambem nao evitamos a união dessas gotas, que rapidamente se formam: em grandes tempestades!
Da mesma forma, também não consigo controlar meus desejos, meus instintos, pois sou toda emoção, lágrimas, sentimentos... deixem as águas rolarem...deixem as lagrimas cairem!
Simone Martins - 23/06/2011
Foto:GOOGLE-https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivhCSZQloMy1JpK-MTCZO_dUWQS_vH0QGMLOJoSFlrPA2PpAv0qTV0FircBFRQAiuUw_le4RwC_KVVPGIPuoOCOxwCrVDIaTm50GDgobj-aHC-43A7qBuxATAIRNSih_jw_5iRemmIGzc_/s320/Chuva-na-janela-600x449.jpg
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